abril 25, 2010

A pergunta impossivel

Há cerca de 20 anos dei um contributo, curto, ao jornal Açoriano Oriental, coordenando um suplemento de economia que na altura se publicava semanalmente.
No âmbito dessa efémera colaboração assinava a cada sete dias uma breve reflexão sobre um tema.
Um amigo meu, um dia, felicitou-me pelo formato reduzido desses meus escritos. Eram simples e de leitura rápida, coisas valorizadas num tempo cada vez mais escasso para abarcar tudo a que temos de dar atenção.
Gosto de pensar e conversar, mas escrever sempre foi uma obrigação que cumpro, na última hora, de forma seca e simples. Nunca escrevi, por isso, grandes textos.
Quando comecei no facebook experimentei, pela primeira vez, a dificuldade de conseguir dizer o que queria partilhar utilizando apenas os 421 caracteres permitidos.
O “Pelo Menos 421 Caracteres” (pm421c) nasceu para ultrapassar esse problema.
Uma vez por semana cá estarei a registar um naco das reflexões que faço sobre o mundo em que vivemos.
O Estado tem um papel nos dias de hoje. Defendo-o e julgo que ele é imprescindível para garantir uma sociedade justa e equilibrada.
Sou um frontal adversário da ideia, que hoje me parece prevalecer, de que o Estado está para tudo, ou porque se mete ou por que é chamado.
Sim. Há responsabilidades dos dois lados da questão. O Estado apresenta-se, impondo-se, a jogo em áreas e casos onde deveria apenas observar ou regular. Mas o Estado também é chamado, indevidamente, por cidadãos que, por fraqueza ou conveniência, se habituaram a nada fazerem sem ajuda paternal.
Infelizmente esta tendência vai-se entranhando na sociedade e vai emergindo uma impotência generalizada dos cidadãos pensarem e fazerem a sua vida sem procurarem um apoio estatal.
Contou-me pessoa conhecida que há uns dias, a propósito do fim da distribuição televisiva em sinal analógico, um jornalista perguntou a um governante se a Região estaria a ponderar subsidiar os cidadãos na necessária aquisição de aparelhos receptores de TV adaptados à nova tecnologia digital.
Uma pergunta destas só se faz porque se admite como resposta que Estado poderia dar essa ajuda, o quer dizer que já alguém chegou ao ponto de pensar que o aparelho de televisão que temos em casa poderá ser, pelo menos em parte, pago pelo Estado!
Foi o caminho que temos percorrido que tornou possível esta pergunta!