abril 25, 2017

A parte cheia da garrafa

Somos uma Região que enfrenta dificuldades de desenvolvimento derivadas da nossa geografia e do atraso social e económico de que sofríamos quando iniciámos em Portugal a nossa caminhada democrática, que nos trouxe autonomia para conduzirmos a nossa vida.
O contexto em que nos movemos e os objetivos que temos determinam em cada momento as nossas prioridades.
Certo é, porém, que sempre baseámos muito o nosso discurso no tema das ajudas externas ao nosso desenvolvimento e a ele dedicámos muito do nosso tempo.
Como e em que proporção vai o estado transferir verbas para a Região?
Como manter um certo nível de compromisso com os EUA, que, num primeiro momento, garantisse ajuda financeira, e na atualidade, não fizesse falhar um dado nível de emprego e atividade económica?
Como garantir suporte da UE para o que temos de fazer?
Encontrar respostas para estas perguntas é vital.
Contudo, de um certo ponto de vista, temos baseado o nosso discurso nas nossas fraquezas para assegurar o financiamento de que necessitamos.
É minha convicção que devemos redirecionar o modo como usamos o nosso tempo, procurando colocar os nossos pontos fortes a render. Isso obriga-nos a olhar para a parte cheia da garrafa e a concentrarmo-nos nela!
O que poderemos ganhar e dar ao mundo com ela?
O que fazer para que ela gere riqueza?
É indispensável sermos mais autónomos, o que significa sermos capazes de agir sozinhos, sem apoios de terceiros ou do Estado.

Nota: Este artigo foi publicado na edição de 21 de novembro de 2012 do Açoriano Oriental.

abril 23, 2017

Pense o que quiser!

Vivemos um tempo onde é fácil expressarmos as nossas opiniões, o que tem a vantagem de dinamizar um debate que só enriquece e fortalece a nossa sociedade.
Infelizmente, contudo, a ânsia de partilharmos as nossas ideias tem prejudicado a nossa capacidade de escutar. Há muita gente a falar e cada vez menos pessoas a ouvir!
Hoje limito-me a registar um conjunto de informações que fui lendo nas últimas semanas, com a única pretensão de que cada um as escute e sobre elas pense.
Em 2014 começaremos a fazer grandes amortizações de empréstimos que fomos pedindo. Serão €14 mil milhões, nesse ano, €15 mil milhões em 2015 e em 2016 mais de €20 mil milhões!
O Orçamento de Estado para 2013 prevê que os metros de Lisboa e do Porto em conjunto gastem €1173 milhões, que é quase tanto como cada uma das ARS do Norte (€1326) e ARS Lisboa e Vale do Tejo (€1426) gastam.
Os juros da dívida pública que teremos de pagar em 2013 são €7801milhões.
O Ministério da Saúde concretizou uma reorganização dos espaços que utilizava, o que permitiu uma poupança de €1,8 milhões. O SNS custará em 2013, pessoal incluído, €7801 milhões.
Em 1960, 40% dos habitantes de Portugal tinha menos de 25 anos, hoje são só 20%. Nesse ano as pessoas com mais de 65 anos representavam 8% da população, hoje representam 20%. Este ano já emigraram 65000 jovens.
Entrava-se no mercado trabalho, em 1960, aos 17 anos. Trabalhava-se em média 41anos e vivia-se 2 como reformado. Em 2000, começava-se a trabalhar aos 21 anos, trabalhava-se 36 e vivia-se uma reforma de 15 anos.
Nos últimos 5 meses o índice de confiança dos empresários alemães decresceu e está agora no seu nível mais baixo desde Março de 2010.
A reestruturação da dívida portuguesa é uma inevitabilidade, mas só poderá concretizar-se quando for possível uma mutualização da dívida a nível europeu, que só tem condições para ocorrer depois das eleições do próximo ano na Alemanha.

Nota: Este artigo foi publicado na edição de 14 de novembro de 2012 do Açoriano Oriental.