fevereiro 26, 2017

Paz, Pão, Povo e Liberdade*

Inovar é fazer diferente. É buscar o desconhecido. É ousar!
Inovação é o traço que deve ligar as peças da nossa vida, dando-lhe um sentido positivo e fazendo dela um ato criador do futuro feliz que ambicionamos para nós.
Inovar requer o reconhecimento da nossa condição e uma avaliação honesta das opções que fizemos.
Temos alternado o foco da nossa atenção entre a esperança num líder que vença por nós as próximas eleições e a análise, sempre triste, das razões de uma derrota eleitoral.
Olhemos com frieza a nossa vida nos últimos anos.
O que fizemos após cada uma das eleições que perdemos?
O que fizemos depois de um desaire foi mesmo diferente do que fizemos depois do desgosto anterior?
Estas são questões de cujas respostas não podemos fugir!
Inovar é mudarmos de atitude perante o fracasso!
Inovar é olharmos o amanhã de outra forma!
Olhemos o futuro por cima das próximas eleições.
Não olhemos o poder. Olhemos o serviço!
Olhemos as pessoas!
Inovar é concentrarmo-nos no essencial!
Inovar é saber esperar o tempo de uma caminhada!
Não é possível fazer tudo nem se pode esperar o paraíso já para amanhã.
Escolhamos as nossas prioridades.
Fixemo-nos nelas, no horizonte distante e perseveremos!
Inovar é ter ambição! É querer melhor!
Inovar é partir numa viagem interminável à procura do que nos valorize como pessoas!
É absolutamente necessário que o nosso sistema educativo estimule a criatividade, favoreça a participação social e cultive a exigência.
Todos nos temos de mobilizar para este objetivo, que é vital, tendo presente que o verdadeiro interesse da escola é o interesse do aluno!
Inovar é tomar nas nossas mãos o que é nosso!
A Universidade dos Açores nasceu com a Autonomia! Talvez mesmo por causa da Autonomia!
Se é uma universidade, é do mundo!
Mas se é dos Açores, é aos Açores que deve servir!
A Região Autónoma dos Açores deve voltar a assumir um papel preponderante na orientação da Universidade dos Açores e ser líder na garantia dos financiamentos que possibilitem um largo crescimento da sua componente de investigação.
Uma universidade é, por definição, uma instituição aberta, com a qual todos os setores da sociedade que a envolve, mas sobretudo os empresários e empreendedores, devem cooperar, numa relação de cuja fecundidade depende, em elevado grau, a nossa capacidade para inovar.
Inovar é atirarmo-nos à água!
Já estamos há demasiado tempo na posição do banhista na ponta da prancha que hesita por causa da temperatura da água, que receia as águas vivas e não se decide por causa do risco de ser devorado pelos tubarões!
Sobre o nosso mar, que é o fiel depositário de recursos com os quais contamos para o nosso progresso, já sabemos o suficiente para agir!
Busquemos quem nos pode ajudar e façamos as parcerias que permitam aplicar na Região a parte substancial dos proveitos da exploração do mar que nos faz grandes e respeitem o seu equilíbrio.
No quadro da aposta na exploração do mar, que é um contributo grande para a sua defesa, uma vez que o ocupa e constitui interesses, tem de ser reformado o setor da pesca.
O mar exerce uma tão grande influência no nosso carater enquanto povo e promete tanto para o nosso futuro que não podemos prescindir de ter a palavra decisiva e determinante sobre a sua exploração e o seu uso!
Inovar é rodarmos a outra face do disco!
O equilíbrio da nossa economia não prescinde de uma lavoura forte e saudável, cujo principal desafio é incorporar valor na sua produção. 
Não obstante o conjunto de fatores que justificam a permanência de um certo nível de subsidiação, a sustentabilidade deste sector e, sobretudo a concretização de um patamar de rendimento compatível com esforço de quem nele trabalha, só serão possíveis pela incorporação de mais valor.
Inovar é redescobrirmos a nossa essência!
A autonomia é o espaço da nossa participação democrática e a garantia da nossa liberdade.
Foi ela que construiu a unidade dos Açores, aproximando um povo disperso por ilhas, envolvendo-o na afirmação do seu carater e tornando-o ator do seu destino.
A autonomia existe porque somos uma Região!
Uma Região que não é uma federação de ilhas.
Mas ilhas, que sendo uma região, precisam de oportunidades e espaço para as suas diferenças.
Se a agreste realidade do tempo presente e os fundados receios sobre o futuro fazem sobressair egoísmos e individualismos é bom termos presente que é a união que faz a força de que precisamos para vencer as adversidades que nos ameaçam.
A autonomia só se consolida desenvolvendo-se, virada para fora, com o sentido de se tornar um pequeno estado e não uma grande autarquia.
Inovar é continuarmos a luta!
A autonomia que temos não é resultado de dádivas centralistas. É fruto de conquista!
É tão valioso o aprofundamento da autonomia política dos Açores, quanto é valiosa a sua crescente democratização regional. É na legitimidade democrática dos seus órgãos de governo próprio, com reforçada participação democrática dos cidadãos, que a credibilidade da autonomia política dos Açores se consolida.
A eleição de um órgão de governo próprio, de característica unipessoal, representante do Povo e da Região, assegura a democratização do sistema, com equilíbrio entre três órgãos de governo próprio - Presidente da Região Autónoma, Assembleia Legislativa e Governo - e ainda assegura o fim de uma tutela específica sobre a Autonomia Política dos Açores, com a extinção do cargo de Representante da República.
Inovar é relacionarmo-nos com o mundo!
Não é indiferente sermos a periferia da Europa ou estarmos no meio do Atlântico.
Ser a periferia da Europa sublinha as nossas fraquezas, mas rende umas ajudas das quais o nosso desenvolvimento não pode abdicar.
Estar no meio do Atlântico destaca as nossas forças e pode gerar o retorno de que necessitamos para aceder ao padrão de vida a que temos direito.
Ficando na periferia da Europa devemos caminhar para o meio do Atlântico!
O desenvolvimento dos Açores não é possível no mundo global de hoje, pelo menos nos termos em que o ambicionamos, sem termos capacidade para definir e executar uma política de relações externas, que nos permita um relacionamento adulto com outras regiões e estados na defesa das nossas comunidades, na busca da cooperação de que necessitamos para alavancar o nosso desenvolvimento e na procura de mercados que valorizem os nossos produtos.
Inovar é mexermo-nos!
Não nos podemos colocar na posição de partido de águas mornas, que passam sem deixar marca.
As pessoas esperam de nós uma alternativa que cative e uma palavra positiva que mobilize.
Temos de ser um partido otimista, convicto de que é possível tornar real o sonho que nos dá esperança!
Sim! É preciso voltar a sonhar!
Temos a responsabilidade de defender os nossos valores, mostrando a sua justeza e a sua superioridade em relação a valores alternativos.
Acreditar não chega, mas não é desconfiando que concretizaremos os nossos objetivos.
Estamos num partido de gente livre, onde não há entraves à participação. Temos momentos de discussão e até de confronto para construirmos posições comuns, mas há tempos em que temos de ser todos.
Ouvir os outros, num esforço de inclusão e de enriquecimento do nosso discurso e das nossas decisões é um estímulo ao pensamento porque dá oportunidade à diferença.
Mas ouvir é um exercício que exige também que cada um de nós perceba que a preferência por opinião diferente da nossa ou a segunda fila não são sinais de exclusão.
Inovar é assumirmos o que somos e não sermos o que pensamos que vão gostar ou o que querem que sejamos!
Inovar é sermos genuínos!
Nós somos um partido político!
O que nos diferencia dos outros partidos não são questões de estilo ou de qualidade da gestão dos negócios do Estado.
O que nos distingue não é a dose do que pensamos ser necessário fazer.
São as políticas que nos diferenciam!
Não nos afirmaremos pelo populismo, mas sim pela credibilidade.
Somos um partido do centro!
Não podemos falar baixo sobre a nossa opção pela centralidade do papel dos cidadãos na dinamização das sociedades. Temos, pelo contrário, de afirmar que cabe a eles a liderança dos processos de desenvolvimento das suas comunidades.
Não devemos disfarçar a nossa visão sobre o papel insubstituível e indelegável do Estado nas sociedades modernas. Ao Estado cabem especiais responsabilidades nos domínios da educação, saúde, justiça social e igualdade de oportunidades, que justificam a abstenção de ação em outras áreas, que devem ser deixadas à iniciativa dos cidadãos.
O governo não é o Estado, um partido não é o governo e muito menos o Estado.
Ao governo cabe dirigir o Estado no respeito pelas opções populares democraticamente expressas, estimulando a participação livre e criadora dos cidadãos.
Ao Estado cabe garantir o desenvolvimento e o equilíbrio social necessários à vida dos cidadãos em condições de dignidade humana.
Aos partidos cabe organizar e estruturar o debate e as ideias políticas que possibilitem uma opção consciente da sociedade sobre o seu futuro.
Inovar é olhar as pessoas!
A política está para servir a comunidade.
As pessoas e a sua felicidade são o fim da nossa ação, razão pela qual não nos podemos resignar perante a força dos poderosos ou amolecer no conforto das ondas que passam e fazem a moda.
Há valores que não podemos esquecer nunca:
A solidariedade, que é o cimento de uma sociedade justa e
A liberdade, que é condição da dignidade dos homens.
O PSD é um partido de gente desassossegada e inquieta, que procura transformar a sociedade, reformando-a, com o sentido de ninguém ficar para trás!
A força das nossas convicções determina a alegria com que nos devemos apresentar perante essa tarefa e a audácia das propostas que nos cabe apresentar aos nossos concidadãos.
Paz, Pão, Povo e Liberdade!
É esta a alma do nosso PPD/PSD!
Paz que sente quem tem valores, vive com eles e luta por eles!
Pão que dá corpo à solidariedade que nos junta!
Povo porque somos iguais! Porque somos um! Porque somos o fim!
Liberdade porque somos homens e mulheres!
Paz, Pão, Povo e Liberdade porque temos o direito de ser felizes aqui, na nossa terra!

(*) – Texto do discurso de apresentação da moção setorial com este título, que submeti ao XXII Congresso Regional do PSD Açores, realizado a 20, 21 e 22 de janeiro de 2017 na Ribeira Grande.