abril 11, 2012

Estou bem aonde não estou

Assim cantava António Variações em Estou Além, de cujas letra e música era, também, autor.
Li, há uns meses, um artigo num jornal local, escrito por um concidadão, que expressava a sua vontade de viver nos Açores usufruindo de um conjunto de facilidades da vida em outras paragens, defendendo que isso era um direito nosso.
Não concebo a vida sem ambição, nem o homem sem capacidade de sonhar, mas o Rossio não cabe na Betesga. É fisicamente impossível!
Nunca somos totalmente livres. Há sempre algo que nos limita, mas ninguém vive nos Açores obrigado e nunca como hoje foi tão fácil partir.
Muitos ficam porque há sempre muitos em todo o lado que ficam na sua terra, mas há muitos, também nos Açores, que ficam por opção. Porque acham que é o melhor!
Já há, também, muitos que vêm porque querem.
Viver nos Açores não é uma fatalidade!
Há quem escolha fazê-lo porque encontra aqui coisas que valoriza mais do que outras que estão acessíveis em outros espaços.
Ao discurso que dá voz às nossas ambições temos de somar palavras que registem o quão bom é viver nos Açores.
À capacidade que temos tido para mostrar aos outros que as nossas debilidades justificam a sua ajuda ao nosso desenvolvimento, temos juntar a inteligência de promover as nossas virtudes para mobilizarmos a nossa vontade de fazermos melhor.    
Quem quiser deliciar-se com as boas coisas da vida de New York deve ter em conta que não poderá prescindir das agruras da vida nessa cidade, mas deve ir para lá.
Não há forma de viver lá, vivendo aqui!