junho 06, 2010

Não somos Usain Bolt!!

Usain Bolt é o homem mais rápido do mundo. É o recordista mundial dos 100 e 200 metros planos.
Os recordes, e as vitórias que eles garantiram, são fruto de muito trabalho e incontáveis sacrifícios, mas, também de condições inatas que o fazem ter aptidão para a velocidade.
Por mais que quisesse ou sonhasse, mesmo que trabalhasse e me sacrificasse tanto como ele, jamais o poderia bater.
Não fui feito para a velocidade!
Serei infeliz por isso?
Não me sinto realizado como homem por isso?
Dos milhões e milhões de habitantes que o mundo tem Usain Bolt não é o único homem feliz!
Se é certo que muitos têm tudo para conseguir bater recordes, muitos, porque lhes faltam os pressupostos físicos, passam para além dos limites do razoável, dopando-se, na busca da glória imediata.
O doping é uma ilusão que nada garante a não ser a perca da saúde a longo prazo.
Cada um de nós tem de encontrar a sua corrida. A sua especialidade.
Em Portugal fixámo-nos numa corrida de 100 metros.
Tínhamos de correr mais rápido do que os outros. Crescer mais depressa para sermos, com brevidade, tão bons como os maiores, apesar de sermos pequenos.
Dopámo-nos!
Recebemos fundos comunitários para alavancar o nosso crescimento e endividámo-nos para os poder receber.
A certa altura pensámos ser capazes. Íamos conseguir!
Chegámos, agora, à conclusão de que a nossa saúde está gravemente afectada.
Estamos a correr a corrida certa?
É esta a nossa especialidade?
É este o ritmo que aguentamos?
Podemos ser Usain Bolt?

NOTA: Uma adaptação deste artigo foi publicada a 16 de maio de 2012 no Açoriano Oriental.