dezembro 04, 2013

O Estado somos nós

O Estado somos nós, razão pela qual a sua despesa resulta da concretização de funções ou da prestação de serviços que nos interessam.

No decurso desta crise, à medida que vamos percebendo que ela é mesmo grave e que o seu tratamento será mais demorado e doloroso do que pensámos, sublinha-se, cada vez mais frequentemente, que o problema deve ser resolvido, sobretudo, pelo corte na despesa, como está, aliás, previsto no Memorando de Entendimento com o FMI, BCE e Comissão Europeia.

É verdade que o estado tem sido perdulário, que gera desperdício, que gasta em coisas desnecessárias e, em muitos casos como estamos a observar agora, acima das nossas possibilidades e sem acautelar níveis de transparência insusceptiveis de gerarem dúvidas sobre a boa administração dos bens públicos.

Têm, pois, de concretizar-se melhorias inequívocas neste campo, que possibilitem a redução da despesa pública e sinalizem a prática de uma ética que só fortalece o Estado e facilita a execução de outras medidas indispensáveis para a reposição do equilíbrio das nossas contas, mas mais custosas para os cidadãos,

É, igualmente, verdade que estão afectos aos sectores da educação, saúde, acção e segurança social cerca de três quartos da despesa do Estado.

Sendo uma necessidade, reduzir a despesa pública, sem que isso caia em cima dos destinatários do aperto fiscal que sentimos este ano e que vai continuar em 2014,  é um exercício muito complexo, dada a escassa dimensão da margem de que dispomos para o fazer, o que prejudica a sua eficácia como instrumento de concretização dos objectivos que prosseguimos.

O esforço tem de ser feito, mas não exageremos na expectativa!


outubro 30, 2013

O mais importante primeiro

Vivemos um tempo de aflição onde a cada dia que passa nos sentimos mais deprimidos e cada vez com menos motivos para encarar de modo optimista os desafios que temos de vencer.

Sentimo-nos, como cidadãos, cada vez mais desprotegidos, face a níveis de desemprego altos e crescentes e a um Estado que enfrenta enormes dificuldades para cumprir as suas obrigações e honrar a razão da sua existência.

O momento exige muita capacidade de sofrimento, bom senso e coragem para assumirmos e concretizarmos mudanças na forma como pensamos em determinadas questões e como actuamos em relação a elas.

Uma empresa é o ponto de encontro de vários interesses, atendíveis e respeitáveis, entre os quais os dela própria, que é uma entidade autónoma de quem a faz.

Empregador e empregado são duas partes que contribuem para o sucesso de uma empresa, do qual dependem o lucro do investidor, o salário e o emprego do trabalhador.

No contexto difícil que atravessamos empregadores e empregados têm de afastar barreiras, colocando-se do mesmo lado do problema, agindo para evitar desemprego e abstendo-se de fazer algo que possa contribuir para o seu aumento.

Nunca devemos deixar de lutar pelas nossas causas, mas em tempos como este exige-se um grande discernimento para alinhar os legítimos interesses individuais ou de grupo com o que é justo para a sociedade e seja passível de a ajudar a ultrapassar os seus desafios.

O desemprego é um grave problema, cuja solução exige de todos uma nova abordagem, que dê prioridade à satisfação das necessidades colectivas e secundarize os benefícios particulares ou corporativos.

outubro 27, 2013

O que não podemos falhar

Há pouco mais de um ano João César das Neves publicou “As 10 questões da crise”, um livro onde faz um resumo histórico e explicativo das crises pelas quais Portugal já passou.

Em linguagem simples e directa, a obra regista uma série de interessantes questões que nos levam a compreender melhor o nosso país e a sua economia, bem como o conjunto dos factores que nos conduziram à aflitiva situação em que nos metemos.

Já na sua parte final o livro refere-se a dois importantes factos a propósito das duas anteriores intervenções do FMI em Portugal, que rapidamente produziram resultados.

Na primeira intervenção, em 1978, o Estado, que no quadro do acordo com o FMI, tinha um limite de crédito, obrigou as empresas públicas a endividarem-se para assumirem responsabilidades que deveriam ser suas, ludibriando, assim, o FMI.

Não fora o enorme contributo do sector privado para o ajustamento, que compensou o contributo negativo do Estado, e as coisas teriam corrido mal.

No início dos anos 80 voltámos a necessitar da ajuda do FMI.

Novamente os sacrifícios feitos pelo sector privado garantiram a concretização dos resultados, uma vez que, mais uma vez, o Estado não correspondeu ao que dele era exigido no entendimento com o FMI.

Estamos no momento de mais uma amarga experiência de intervenção do FMI em que se percebeu que o Estado está longe de ter aplicado a si a mesmo exigência que colocou ao sector privado.

Essa é uma das razões que leva os cidadãos ao protesto e constitui-se como o ponto que não poderemos falhar!

outubro 06, 2013

Um foco diferente

A sociedade, e assim a economia, são sistemas muito complexos onde contam, é certo que com pesos diferentes, todas as variáveis e nos quais temos de atender a todos os pormenores.

As pessoas; as suas competências, as suas atitudes e os seus desempenhos; constituem-se como um importantíssimo aspecto, que em muitos casos determina a frustração de projectos porque, em devido tempo, não fui suficientemente considerado e pensado.

Na preparação de um investimento afectam-se largas horas à preparação das questões financeiras e de engenharia, mas a preocupação com os recursos humanos, surge, apenas, na fase final, quando já só há tempo para contratar o melhor que há em vez do que é verdadeiramente necessário para se produzir a qualidade que assegure a sustentabilidade do projecto.

Se se investe fortemente, como vemos, para ter os aspectos tangíveis da oferta bem adequados aos clientes, por que razão não se afectarão o tempo e os recursos necessários para que os projectos sejam servidos pelas pessoas adequadas, com as atitudes e as competências ajustadas aos clientes que se querem servir?

Faltam-nos, e faltar-nos-ão sempre, infraestruturas e os meios financeiros que poderemos mobilizar para as concretizar são e serão escassos.

Mas não nos faltará, igualmente, aproveitarmos melhor o que temos, concentrando a atenção no aperfeiçoamento da nossa organização, na mudança da atitude com que encaramos os desafios, no enriquecimento das nossas competências e na melhoria do conhecimento que temos sobre os nossos clientes?

setembro 25, 2013

Todos têm de contribuir

As crescentes preocupações com a sustentabilidade têm apoiado a ideia de se privilegiar o consumo das produções locais como forma de defesa das diferentes economias.

A crise que atravessamos tem sublinhado, pelo menos em Portugal, a necessidade de substituirmos importações por produção nacional.

É verdade que, levados à letra e praticados de forma generalizada, os princípios registados acima poderão contribuir para a redução das trocas comerciais entre países, prejudicando, dessa forma, as suas economias.

Entre uma coisa e outra, num ponto diferente do que nos encontramos actualmente, estará o equilíbrio de que necessitamos e para o qual temos de caminhar.

O que há a fazer não é, apenas, tarefa dos consumidores, que têm de abandonar o princípio de que “santos da casa não fazem milagres” e perceber que cá se fazem coisas tão boas como as que importamos.

Os empresários têm, igualmente, de fazer algo a favor dessa caminhada, abandonando a ideia de que os consumidores devem preferir o que é nosso só por isso, produzindo consistentemente a qualidade que é procurada, inovando e seguindo as melhores práticas em termos tecnológicos, de distribuição e de comunicação.

O Estado deve promover a disponibilização de infraestruturas de transporte e de logística que facilitem a circulação e acesso aos bens, para que a oferta existente possa satisfazer a procura onde quer que ela esteja.

De todos se espera que percebam que a nossa sustentabilidade tem um custo, que tem de ser justamente repartido.

agosto 27, 2013

Coesão

O problema a que a Ciência Económica procurar dar resposta é a escassez.

Temos de satisfazer as nossas necessidades, concretizar os nossos legítimos sonhos e as aspirações que nos mobilizam para o desenvolvimento, a partir de recursos que são finitos e que, em muitos casos, não existem abundantemente.

Procurar uma utilização que lhes maximize o resultado é, pois, uma tarefa complexa, dificultada, ainda, por um conjunto de restrições de natureza regulamentar ou que resultam de compromissos que assumimos no quadro da relação que temos com outros agentes económicos.

As circunstâncias dos momentos que vão construindo a caminhada da nossa sociedade constituem-se, igualmente, como factores limitativos das escolhas que fazemos sobre a afectação dos recursos que temos à nossa disposição, sejam eles de que natureza forem.

Mas antes de tudo isso a gestão dos recursos a que poderemos apelar para nos desenvolvermos, ou apenas para sobrevivermos, deve atender a valores de natureza ética que assegurem uma justa e equitativa distribuição da riqueza gerada, acompanhadas de uma solidária e proporcional assumpção dos encargos e dos riscos dos processos de desenvolvimento bem como do funcionamento das sociedades

Isto deve acontecer sempre, sobretudo quando, como agora, as circunstâncias que enquadram a nossa vida só podem ser debeladas com sucesso por sociedades coesas.

julho 14, 2013

O que vale o que fazemos?

Temos o hábito de sublinhar as características únicas dos nossos produtos, que lhes são conferidas pela nossa condição de Região ambientalmente equilibrada e asseguradas pela prática de técnicas que não ofendem a natureza.

É assim nos poucos produtos industriais que temos e é assim com a produção do sector primário.

Ao nível dos serviços também nos comprazemos a chamar a atenção para a nossa diferente forma de acolhimento que temos para oferecer aos nossos clientes.

Olhamos à nossa volta e vemos marcas e produtos a diferenciarem-se, isto é, a sublinharem as suas especificidades para ganharem na competição com as suas concorrentes.

Observamos o que ocorre nos mercados e vemos marcas e empresas com altíssimo valor de mercado, praticando preços elevados e com os clientes necessários para serem bem sucedidas.

Penso em nós e dou comigo a elaborar no que se afirma acerca do facto de não termos preços competitivos ou dimensão para produzir o que requer o mercado.

Mas e então os nossos produtos não têm características únicas que lhes podem dar valor?

Terão elas o valor que pensamos?

Como são elas valorizadas pelos mercados que servimos?

Estaremos nos mercados apropriados e nos segmentos correctos?

 


julho 03, 2013

Olhar os resultados

Consumimos largas fatias do nosso tempo discutindo a relevância de uma série de investimentos, geralmente envolvendo betão, que se apresentam como imprescindíveis para o desenvolvimento das nossas comunidades, sejam elas locais, regionais ou até do país como um todo.

É inequívoco que o desenvolvimento não é possível sem infraestruturas que o suportem, mas a realidade já mostrou, infelizmente vezes de mais, que dispor delas não é suficiente para se promover desenvolvimento.

Todos nós conhecemos casos de infraestruturas que se construíram e que são subutilizadas ou que não geram o desenvolvimento que se esperava.

Uma obra pública constrói-se com um fim, razão pela qual se poderiam, logo de início, enunciar com clareza e rigor os seus objectivos.

Isso permitiria associar a cada um dos investimentos um painel de indicadores, que o seu promotor ficaria a obrigado a preencher e divulgar publicamente durante um período alargado de tempo, para que os cidadãos pudessem ir verificando a correspondência entre as expectativas e os resultados.

Um mecanismo desta natureza permitiria maior transparência, que promoveria maior rigor dos decisores, mais bom senso e sentido de responsabilidade dos cidadãos, que individualmente ou em grupo, pressionam no sentido do Estado se comprometer com a realização de obras que não cabem nos recursos que a nossa sociedade dispõe, não produzem benefício de carácter geral e dão escasso contributo para o desenvolvimento de que carecemos.

junho 27, 2013

Ouvir

A estabilização e a consolidação das democracias tornaram definitiva a emergência da comunicação como questão essencial do nosso tempo.

Aos cidadãos, que em democracia são a fonte do poder, é necessário garantir o conhecimento e a informação que possibilitem as melhores escolhas.

A liberdade, sem a qual não há democracia, e o inegável desenvolvimento cultural a que acedemos fizeram-nos ganhar o interesse por afirmarmos a nossa opinião, o que é, em muito, facilitado pelos novos instrumentos de comunicação, que os avanços tecnológicos nos ofereceram.

A abertura do sector da comunicação social à iniciativa privada e a consequente competição entre os agentes desse sector contribuiu, decisivamente, para aumentar as oportunidades de distribuição da informação e fez crescer a procura por informação, o que aumentou a pressão sobre as fontes e transformou temas até então desinteressantes em focos de atenção pública.

A capacidade de comunicação tornou-se, assim, numa competência imprescindível para os cidadãos e para as suas organizações.

Multiplicou-se, por isso, a oferta formativa nesta área e cresceu exponencialmente a bibliografia sobre o tema.

Ocorre que este desenvolvimento se deu reduzindo o conceito de comunicação.

Hoje são muitos os que pretendem, pelas mais diversas razões, fazer valer os seus pontos de vistas, socorrendo-se, para isso, já não apenas da valia intrínseca dos seus argumentos, mas também, e muitas vezes sobretudo, da sua habilidade para acomunicação, que gradualmente foi sendo associada apenas ao acto de emitir uma mensagem.

Sucede que comunicar é, igualmente, ouvir!

Ouvir presume atenção e obriga a compreender a mensagem, o seu contexto e a sua raiz.

Ouvir requer abertura para mudarmos e uma postura humilde, que admita que a razão pode estar do outro lado.

Num mundo em que sempre queremos saber quem perde e quem ganha, o que é valorizado é a capacidade de persuasão, que, embora muitas vezes o esqueçamos,melhora se formos competentes a ouvir.

O futuro que temos de salvar da dureza dos tempos que correm, muita dela causada pela incerteza que sentimos, exige que sejamos melhores ouvintes, o que inclui, também, uma atitude diferente para com os que ouvem, que são de entre nós, nos dias que correm, os mais corajosos.

junho 02, 2013

Ocupar o território

Vivemos em estado de necessidade, o que justifica muitas medidas e decisões que têm sido executadas em função do dia de amanhã, porque se nele não conseguirmos respirar, de nada serve pensarmos no longo prazo.

Contudo, pelo menos em alguns casos, um pouco mais de reflexão não gastará muito mais tempo e poderá conduzir a orientações mais estruturadas e consolidadas, que considerem visões mais longínquas no tempo.

Percebe-se que o Estado não possa manter espalhados por toda a parte serviços, que custando a todos não aproveitam a quase ninguém, e cuja dimensão não assegura sequer a qualidade que alguns, como os de saúde, devem ter.

Não se entende, todavia, que eles sejam encerrados apenas com base em critérios de circunstância, não atendendo a uma visão mais duradoura sobre a forma como deveremos utilizar o nosso território, que é um dos mais importantes recursos económicos de que dispomos.

As vias de comunicação e a organização administrativa do Estado estruturam a ocupação do território, mas os serviços do Estado, que servem antes de tudo para que este se desincumba das suas obrigações nas diversas áreas de sua responsabilidade, facilitam-na.

Falta em Portugal uma política de nível nacional que corresponda a uma visão de longo prazo sobre a utilização do território que dê coerência à sua ocupação, promova a sustentabilidade, permita que usufruamos da sua riqueza e que defenda a nossa soberania.

maio 28, 2013

Precisamos de tempo

Aprendi há uns anos que o único recurso em relação ao qual não há ricos nem pobres é o tempo.

Todos nós temos vinte e quatro horas por dia e ninguém consegue ter mais do que isso.

A ambição de retirar desse recurso o maior rendimento possível foi, entre outros factores, causa para carregarmos no acelerador, fazendo o mundo funcionar hoje a uma velocidade alucinante.

Vivemos, em toda a parte, a um ritmo vivo, que requer de nós uma preparação cada vez mais complexa e exigente.

A vontade de fazer mais, de cumprir os objectivos e de chegar antes dos concorrentesimpôs que nos fôssemos aperfeiçoando na arte da gestão do tempo, o que ajudou a desenvolver, em todos os domínios, um conjunto de ferramentas e de técnicas que permitiram aumentar a rapidez de execução das tarefas e a redução dos tempos de espera.

Hoje fazemos uso de uma série de tecnologias e agimos num quadro de conhecimento que tornaram instantâneas, ou quase, muitas das coisas que fazemos, o que desembocou numa gestão do equilíbrio entre o curto prazo e o longo prazo muito mais difícil, dado o nosso crescente interesse pelo imediato.

Tudo isto: a velocidade, a ambição, a competição, o instantâneo e o imediato; no faz perder a noção de que para produzir resultados, pelo menos os que desejamos, é preciso tempo.

maio 16, 2013

Turismo?

Theodore Levitt assinou, em 1960 um artigo que foi publicado na Harvard Business Review intitulado “Marketing Myopia”, no qual explicava que as empresas operar em sectores de rápida expansão acabavam sempre por se concentrar exclusivamente no produto, não se preocupando com os clientes, que deveriam ser a sua principal preocupação.

Num tempo como o de agora em que a mudança é a constante, tornou-se vital observarmos esse princípio, uma vez que é a sua concretização que possibilita a contínua adaptação ao mercado de que as empresas carecem para assegurarem a sua sobrevivência no longo prazo.

Há uns dois anos, ao longo da leitura do livro “Setting the Table”, de Danny Meyer, proprietário, entre outros, dos conhecidos restaurantes de New York “Union Square Café” e “Eleven Madison Park”, verifiquei que, contra o que era o meu pensamento, Denny Meyer era empresário na área da hospitalidade e não do sector da restauração.

No decurso de uma estadia no Faial, regressei ao Peter Café Sport, onde, desta vez, tive uns minutos para dar atenção a um painel no qual estão inscritos testemunhos de passantes e viajantes.

Li-o com atenção, lembrando-me de Danny Meyer, porque hospitalidade é o espírito e a atitude que ligam tudo o que nesse quadro está escrito.

Ao terminar a leitura ocorreu-me fazer a seguinte pergunta:

Afinal qual é o nosso negócio?


maio 08, 2013

Perguntas

Há uns anos ouvi a um conferencista que de um gestor não se devem esperar as respostas certas, mas, antes, as perguntas correctas.

Na verdade todos nós procuramos afirmar as nossas respostas, que tentamos defender com vigor, em muitas circunstâncias para as fazer prevalecer sobre as dos outros.

Avisei, logo à minha chegada, que as crónicas por mim assinadas seriam, mesmo quando afirmativas, exercícios de desafio à reflexão individual, que é pressuposto de uma participação frutuosa na sociedade.

Devemos ser, todos, cidadãos inquietos na busca das respostas às interrogações que, incessantemente, a realidade pela qual estamos cercados nos vai colocando, mas também atentos às perguntas dos nossos concidadãos, que o enriquecimento da sociedade requer que abordemos de espírito aberto.

Não sei se “small is beautiful”, mas se somos pequenos, como somos, por que motivo haveremos de querer ser grandes?

Por que razão o nosso objectivo há-de ser, sempre, crescer?

Poderá ser assim eternamente?

Teremos, em Portugal, recursos, que, mesmo bem geridos, suportem uma trajectória de crescimento permanente?

E nos Açores?

É certo que a escala produz economias e, assim, vantagens na competição com outros países e diferentes regiões, mas possuiremos dimensão para ter a escala necessária para dela tirarmos alguma vantagem competitiva?

A nossa pequenez será a nossa fraqueza, ou poderá ser a nossa força?

abril 28, 2013

Há sempre uma oportunidade

Não há negócio, e assim empresas, sem risco.
O risco envolve, sempre, uma possibilidade negativa e outra positiva, embora não em probabilidade igual.
Decidir concretizar um negócio ou avançar com uma empresa deve, pois, ser um acto pensado sem optimismo que cegue e sem pessimismo que paralise.
Ser empresário, ser empreendedor ou ser activo socialmente, presume a disponibilidade para aceitar o falhanço e a vontade, forte, de querer acertar.
Empreender não é um acto de fé, apesar da crença ser importante. Estabelecer um negócio requer rigor, exigência, muito estudo e preparação.
O risco de correr mal tem de ser minimizado, mas, por vezes, concretiza-se.
As sociedades, para serem dinâmicas e fecundas, precisam de empreendedores. Carecem de gente que se afoite.
A forma como em Portugal lidamos com os falhanços não favorece o aparecimento de empreendedores.
Sem flexibilizar na exigência ou transigir no rigor, temos de ter uma atitude mais positiva perante os erros e um comportamento mais caloroso com quem falha.
Com os erros é sempre possível aprender alguma coisa e o desenvolvimento que queremos obriga a que assim seja. É, pois, indispensável que quem falha possa ter espaço e paz suficientes para poder reflectir sobre o que tem de ser melhorado, dando, dessa forma, o primeiro passo para que a próxima oportunidade seja bem sucedida.

fevereiro 20, 2013

Tudo ao mesmo tempo

Todos, enquanto humanos, procuramos ter um emprego, por razões económicas, é certo, mas também por realização pessoal.
 

Queremos o melhor emprego, isto é, aquele que possibilite a maior remuneração e o menor esforço.

Queremos, igualmente, que as nossas empresas suportem uma parte das nossas reformas e que o Estado que formamos nos garanta assistência na doença e nas alturas más das nossas vidas, nomeadamente quando estamos desempregados.
 
Desejamos, enquanto trabalhadores, férias remuneradas, jornadas de trabalho curtas, mais folgas e uma reforma que chegue cedo.

Mas também somos consumidores, que querem poder comprar tudo a preços baratos, pressionando, dessa forma, as empresas a reduzir custos, o que também chega pela concorrência de empresas de países onde os salários são mais baixos e a protecção social não existe ou é diminuta.

As empresas que nos dão emprego ficam, assim, vulneráveis e, em muitos casos, não sobrevivem.

Afirmamos que a concorrência é desleal, mas compramos!

Há paradigmas da nossa vida sobre os quais temos de reflectir com profundidade, frieza, sem demagogia e sem preconceitos.

Cada um deve retirar as suas conclusões e procurar forma de contribuir para que se mude o que tem de ser mudado.

Se é certo que o mundo é um rolo compressor, que não podemos parar, e nos molda a vida, é, também verdade, que o mundo não será diferente se cada um de nós, individualmente, for hoje igual a ontem.     



fevereiro 13, 2013

Já e em força!


As dificuldades dos tempos que correm colocaram na agenda a questão relativa ao abandono gradual a que fomos votando os sectores dos chamados bens transaccionáveis e a consequente incapacidade exportadora da nossa economia.
Ao longo dos anos temos, também, assistido a permanentes apelos para as empresas portuguesas investirem em países estrangeiros.
Estes dois movimentos são essenciais, porque podem permitir o desenvolvimento das empresas do nosso país e o crescimento da economia para além das limitações impostas pela nossa dimensão.
Apesar de algumas tentativas e de pouquíssimos exemplos bem sucedidos, as empresas dos Açores nunca prosseguiram com consistência e persistência, políticas de expansão da sua actividade para outras geografias.
Razões diversas justificarão esta espécie de isolacionismo das empresas nossas conterrâneas, mas do meu ponto de vista o que mais tem contribuído para este resultado é nossa visão muito pouco confiante nas nossas capacidades.
A necessidade de obtenção de ajuda externa, em forma de recursos financeiros, para o desenvolvimento da Região, tornou o nosso discurso muito focado na nossa pequenez, nos nossos problemas e nas nossas fraquezas.
Isso tornou-nos ainda mais pequenos e mais fracos!

No quadro das mudanças que temos de operar para sairmos da crise em que estamos, as nossas empresas tem de assumir uma postura mais agressiva nesta frente, adoptando com constância políticas de identificação de oportunidades em mercados externos onde possam investir.

janeiro 30, 2013

Transparência

Em 1998 o mundo assistiu, atónito, a uma série de fenómenos de índole escandalosa que conduziram diversas e conhecidas grandes empresas ao encerramento.
 
Estas ocorrências tiveram origem num conjunto de procedimentos, executados com o propósito de, embora sem base na actividade produtiva das empresas, lhes aumentar o valor, o que justificava mais altos prémios de gestão, que por ser, também, detentora de acções da própria empresa via as suas carteiras de títulos valorizadas.
De caminho, estas manobras permitiam, igualmente, melhorar a imagem das empresas perante das instituições financeiras, assegurando, dessa forma, mais crédito.
Em consequência os estados impuseram novos regulamentos sobre governação das empresas, sobretudo das que são cotadas em bolsa, com o intuito de melhorar os sistemas de controlo, dando, assim, maiores garantias aos accionistas e instituições, nomeadamente financeiras, que com elas se relacionam.
O que infelizmente não aconteceu, com as consequências que agora todos experimentamos, foi os estados imporem a si próprios regras que impedissem certas práticas que os igualaram, em muitos casos, às empresas prevaricadoras.
Na realidade, um pouco por todo o lado, os estados usaram esquemas que foram permitindo uma vida acima das suas possibilidades.
À saída da crise que atravessamos, os estados, para serem fortes como deles precisamos, terão de estar dotados de novas regras de governo, que devem aplicar universalmente com sensatez e rigor.