maio 21, 2017

A minha agenda

Nota prévia
Uma agenda é uma decisão sobre as coisas em que queremos gastar o nosso tempo.
Apresentei ao XXII Congresso Regional do PSD Açores, partido do qual sou militante, uma moção, que é uma agenda que emerge da minha visão sobre o futuro dos Açores.
Essa moção é, assim, a minha agenda. O meu compromisso de intervenção cívica.
É por isso que a publico aqui.

PARTIDO
Razão e coração
Um partido político é um espaço de valores partilhados por quem nele milita ou quem com ele contribui para a construção de uma sociedade, que, como desejamos, seja pródiga em oportunidades para a realização humana dos seus cidadãos.
A política está, pois, para servir a comunidade.
As pessoas e a sua felicidade são o fim da nossa ação, razão pela qual não nos podemos resignar perante a força dos poderosos ou amolecer no conforto das ondas que passam e fazem a moda, que é sempre passageira!
Há valores que não podemos esquecer nunca:
A solidariedade, que é o cimento de uma sociedade justa e
A liberdade, que é condição da dignidade dos homens.
O PSD é um partido de gente desassossegada e inquieta, que procura transformar a sociedade, reformando-a, com o sentido de ninguém ficar para trás!
A força das nossas convicções determina a alegria com que nos devemos apresentar perante essa tarefa e a audácia das propostas que nos cabe apresentar aos nossos concidadãos.

Ação!!!
O futuro da governação dos Açores terá pouco a ver com o seu passado e tudo a ver com mudanças disruptivas, essenciais para combater um empobrecimento, ao qual a continuidade destas políticas nos condena.
Não nos podemos colocar na posição de partido de águas mornas, que passam sem deixar marca.
As pessoas esperam de nós uma alternativa que cative e uma palavra positiva que mobilize.
Temos de ser um partido otimista, convicto de que é possível tornar real o sonho que nos dá esperança!
Sim! É preciso voltar a sonhar!
Só erra quem faz e só perde quem luta!
Temos a responsabilidade de defender os nossos valores, mostrando a sua justeza e a sua superioridade em relação a valores alternativos. Trata-se de uma tarefa incessante, que não poderemos abandonar porque não chegamos, quando queríamos, ao resultado que desejávamos.
É necessário lidarmos de forma diferente com os erros e os fracassos, que ao invés de nos dividirem e diminuírem, devem contribuir para nos fortalecermos e enriquecermos as nossas propostas.
Acreditar não chega, mas não é desconfiando que concretizaremos os nossos objetivos.
Estamos num partido de gente livre, onde não há entraves à participação. Temos momentos de discussão e até de confronto para construirmos posições comuns, mas há tempos em que temos de ser todos. Alturas em que temos de acreditar que fizemos o que era devido.
Num partido, como na sociedade, todos temos responsabilidades, que sendo exercidas individualmente, são coletivas.
A responsabilidade de participar é um desses casos e, por causa disso, não carece de convite para ser exercida.
A nossa força será tanto maior quanto mais capazes formos de congregar à nossa volta vontades e ideias.
Ouvir os outros, num esforço de inclusão e de enriquecimento do nosso discurso e das nossas decisões é um estímulo ao pensamento porque dá oportunidade à diferença.
Ouvir é um exercício que não podemos deixar de fazer em contínuo.
Mas ouvir é um exercício que exige também que cada um de nós perceba que a preferência por opinião diferente da nossa ou estar sentado na segunda fila não são sinais de exclusão.

Todos diferentes…
Nós somos um partido político!
O que nos diferencia dos outros partidos não são questões de estilo ou de qualidade da gestão dos negócios do Estado.
O que nos distingue não é a dose do que pensamos ser necessário fazer.
São as políticas que nos diferenciam!
Temos opções diferentes que não devemos ter receio de afirmar.
Não nos afirmaremos pelo populismo, mas sim pela credibilidade e, através desta, pelo capital de esperança que merecemos.
Prescrevemos caminhos distintos porque temos visões diferentes dos problemas da sociedade, das prioridades que devem determinar a afetação dos recursos do Estado, sobre o papel deste na sociedade e sobre o lugar que nela devem ter os cidadãos que a constituem.
E a clareza nesta distinção é um requisito essencial na relação de confiança, que temos de restabelecer, entre partidos políticos e cidadãos.
Somos um partido do centro!
Não podemos falar baixo sobre a nossa opção pela centralidade do papel dos cidadãos na dinamização das sociedades. Temos, pelo contrário, de afirmar que cabe a eles a liderança dos processos de desenvolvimento das suas comunidades.
Não devemos disfarçar a nossa visão sobre o papel insubstituível e indelegável do Estado nas sociedades modernas. Ao Estado cabem especiais responsabilidades nos domínios da educação, saúde, justiça social e igualdade de oportunidades, que justificam a abstenção de ação em outras áreas, que devem ser deixadas à iniciativa dos cidadãos.
Para nós o Estado está para servir o interesse coletivo da sociedade, que não pode asfixiar, e não para ser usado para a satisfação dos interesses individuais, mesmo que de todos.
O governo não é o Estado, um partido não é o governo e muito menos o Estado.
Ao governo cabe dirigir o Estado no respeito pelas opções populares democraticamente expressas, estimulando a participação livre e criadora dos cidadãos.
Ao Estado cabe garantir o desenvolvimento e o equilíbrio social necessários à vida dos cidadãos em condições de dignidade humana.
Aos partidos cabe organizar e estruturar o debate e as ideias políticas que possibilitem uma opção consciente da sociedade sobre o seu futuro.

AUTONOMIA
Região
A autonomia política e administrativa dos Açores, que foi a nossa conquista específica da revolução de abril, é o espaço da nossa participação democrática e a garantia da nossa liberdade.
Foi ela que construiu a unidade dos Açores, aproximando um povo disperso em ilhas, dando-lhe esperança no futuro, envolvendo-o na afirmação do seu carater e tornando-o ator do seu destino.
A autonomia quebrou as fronteiras das ilhas, mostrando a todos as vantagens coletivas da solidariedade e estabeleceu a confiança como o elo da unidade.
A autonomia existe porque somos uma Região!
Uma Região que não é uma federação de ilhas.
Mas ilhas, que sendo uma Região, precisam de oportunidades e espaço para as suas diferenças, que enriquecem a Região.
O equilíbrio entre as ilhas e a Região sempre foi um processo de ajustamento contínuo, no qual reside grande parte do mérito da fecundidade da autonomia.
Se a agreste realidade do tempo presente e os fundados receios sobre o futuro fazem sobressair egoísmos e individualismos é bom termos presente que é a união que faz a força de que precisamos para vencer as adversidades que nos ameaçam.
A autonomia só se consolida desenvolvendo-se, virada para fora, com o sentido de se tornar um pequeno estado e não uma grande autarquia.

A luta continua
O adquirido autonómico nunca foi fruto de dádivas centralistas, mas antes sempre resultado de conquistas de descentralização política, mais do que administrativa.
Facto é que a história ensina-nos que a autonomia política dos Açores nunca se deu por vencida em cada processo de revisão constitucional que tenha ficado aquém das pretensões autonomistas. Realizados com o alcançado, em cada momento político-jurídico, mas sempre insatisfeitos com as resistentes tendências centralistas, que desvalorizam o potencial autonómico.
E tudo isso porque a nossa convicção individual e coletiva é no sentido da virtude descentralizadora do poder político em Portugal e na eficácia do desenvolvimento que a autonomia política dos Açores alcança, por comparação ao centralismo.
No entanto, é tão valioso o aprofundamento da autonomia política dos Açores, quanto é valiosa a sua crescente democratização regional. É na legitimidade democrática dos seus órgãos de governo próprio, com reforçada participação democrática dos cidadãos, que a credibilidade da autonomia política dos Açores se consolida na Região Autónoma, no País e no plano internacional.
A eleição de um órgão de governo próprio, de característica unipessoal, representante do Povo e da Região, assegura a democratização do sistema, com equilíbrio entre três órgãos de governo próprio - Presidente da Região Autónoma, Assembleia Legislativa da Região Autónoma e Governo da Região Autónoma - e ainda assegura o fim de uma tutela específica sobre a Autonomia Política dos Açores, com a extinção do cargo de Representante da República.
Na verdade, os Órgãos de Soberania são do País e estão no domínio de todo o território nacional, não carecendo de representações especiais.

Numa relação
Não é indiferente sermos a periferia da Europa ou estarmos no meio do Atlântico.
A forma como nos colocamos no mundo interessa e é relevante, uma vez que determina em larga medida o modo como nos relacionamos com ele.
Ser a periferia da Europa sublinha as nossas fraquezas, mas rende umas ajudas das quais o nosso desenvolvimento não pode abdicar.
Estar no meio do Atlântico destaca as nossas forças e pode gerar o retorno de que necessitamos para aceder ao padrão de vida a que temos direito.
Ficando na periferia da Europa devemos caminhar para o meio do Atlântico!
O desenvolvimento dos Açores não é possível no mundo global de hoje, pelo menos nos termos em que o ambicionamos, sem termos capacidade para, no respeito pela política externa nacional, definir e executar uma política de relações externas, que nos permita um relacionamento adulto com outras regiões e estados na defesa das nossas comunidades, na busca da cooperação de que necessitamos para alavancar o nosso desenvolvimento e na procura de mercados que valorizem os nossos produtos.

INOVAÇÃO
Sempre à procura
Inovar é, no nosso tempo, um requisito de desenvolvimento de qualquer sociedade ou economia.
Nos Açores, região com uma economia débil e poucos recursos, inovar é determinante!
É a nossa capacidade inovadora que nos dará a possibilidade de valorizarmos o que é vulgar e de maximizarmos o proveito da aplicação dos nossos modestos recursos.
Promover o desenvolvimento da nossa capacidade para inovar é, pois, uma prioridade, que se deve materializar na valorização das pessoas e depende de uma efetiva abertura da Região ao exterior.
O nosso sistema de ensino tem de formar pessoas competentes do ponto de vista técnico, com solidas referências em matéria de valores e desassossegadas na sua relação com a sociedade.
As nossas escolas têm de promover a abertura dos horizontes dos seus alunos, oferecendo aos Açores cidadãos do mundo, que o queiram construir aqui!
Valorizar as pessoas requer um processo educativo que estimule a criatividade, favoreça a participação social e cultive a exigência.
Os projetos escolares têm de envolver professores, demais profissionais presentes nas escolas, pais e comunidade. É imperativo que todos estejam alinhados com o objetivo da escola, que tem de estar focado nos interesses dos alunos e da sociedade e ser mobilizador e entusiasmante!
A Universidade dos Açores nasceu com a Autonomia! Talvez mesmo por causa da Autonomia!
Se é uma universidade, é do mundo!
Mas se é dos Açores é aos Açores que deve servir!
É essencial que a Região volte a assumir, no respeito pela autonomia universitária, um papel preponderante na orientação da Universidade dos Açores e a liderança na garantia dos financiamentos necessários ao largo crescimento da sua componente de investigação.
O nosso futuro espera que a Universidade dos Açores possa gerar conhecimento que valorize os nossos recursos, aproveite a nossa experiência e promova o nosso desenvolvimento.
Uma universidade é, por definição, uma instituição aberta, com a qual todos os setores da sociedade que a envolve, mas sobretudo os empresários e empreendedores, devem cooperar, numa relação de cuja fecundidade depende, em elevado grau, a nossa capacidade para inovar.
A nossa imaginação pode oferecer-nos muitas pistas de trabalho, mas o desenvolvimento de técnicas de construção, aproveitando a investigação nas áreas de vulcanologia e sismologia, o desenvolvimento de produtos de cosmética ou técnicas de tratamento na área da saúde, aproveitando investigação da flora do nosso mar, ou o desenvolvimento de técnicas de agricultura biológica apropriadas para as nossas culturas tradicionais, valorizando-as do ponto de vista comercial, aproveitando investigação nas áreas da biologia e da produção vegetal, são exemplos de trilhos de inovação que podem ser seguidos e dar frutos se todas as partes partilharem esse objetivo.
Olhar o mundo, vê-lo e acolhê-lo são exercícios que temos de repetir a cada instante porque deles depende, igualmente, a nossa capacidade para inovar.

É preciso mergulhar
Somos tão pequenos no meio do mar imenso que nos cerca, nos torna parte do mundo e nos dá dimensão.
É ele o fiel depositário de recursos com os quais contamos para o nosso progresso.
Sobre o nosso mar já sabemos o suficiente para agir, apesar de ser sempre necessário manter um esforço de investigação, que defenda o seu equilíbrio e sustente uma exploração longa.
O mar exerce uma tão grande influência no nosso carater enquanto povo e promete tanto para o nosso futuro que não podemos prescindir de ter a palavra decisiva e determinante sobre a sua exploração e o seu uso!
A dimensão do desafio que está aqui mesmo à nossa mão e o medo das consequências do que fizermos não nos podem paralisar.
Um quadro regulamentar simples e bem elaborado, com meios de vigilância suficientes e modernos são essenciais para garantir o respeito pelo equilíbrio do ecossistema, que temos a obrigação de preservar.
Mas a ocupação do mar, para a qual contribui grandemente a sua exploração, é, também, uma forma de o defender.
Se reconhecemos não ter capacidade para tanto, busquemos quem nos possa ajudar e estabeleçamos as parcerias que permitam aplicar na Região a parte substancial dos proveitos da riqueza que o mar encerra.
No quadro desta aposta na exploração cientifica e económica do mar tem de reformar-se o setor da pesca, assegurando um rendimento digno aos seus trabalhadores, valorizando o produto da pesca, que tem de ser feita em respeito absoluto pelas artes tradicionais e pela sobrevivência das espécies, investindo forte e rapidamente na aquicultura e apostando na criação de produtos turísticos ligados à nossa pesca artesanal.

Virar o disco
Já tem décadas a caminhada de desenvolvimento da lavoura nos Açores, que a afirmou como setor liderante da economia da nossa Região, pelo seu contributo para a riqueza que criamos.
A sua importância é sublinhada pelo emprego que gera, que tem sido indispensável para manter o equilíbrio da nossa sociedade e para fixar as pessoas em todo território das nossas ilhas.
Os Açores não podem prescindir deste setor económico, cuja sustentação depende da nossa capacidade para acrescentar valor à sua produção.
Se é certo que existe um conjunto de fatores que justificam um certo nível de subsidiação do setor, é também verdade que só se alcançará um patamar de rendimento suscetível de dar aos que nele trabalham o nível de vida compatível com o seu esforço, se o seu produto incorporar mais valor.
Explorar fileiras não alimentares do leite, nomeadamente nas áreas da cosmética e da saúde, e desenvolver produtos turísticos no quadro das explorações, tal como foi feito, com grande sucesso, nos setores do vinho e do azeite, são caminhos que precisam de ser trabalhados e cujo conhecimento deve ser estimulado.
Investir fortemente no marketing, que é uma coisa muito diferente de comunicação, para que os produtos atuais possam ser reposicionados nos segmentos que mais valor lhes atribuam é uma prioridade cuja concretização não podemos continuar a adiar.
Promover a cooperação entre investigadores e investidores em torno da criação de produtos ou do ajustamento de produtos tradicionais a novos segmentos de mercado ou novas utilizações é um esforço do qual não nos podemos distrair até que isso se torne natural.

abril 25, 2017

A parte cheia da garrafa

Somos uma Região que enfrenta dificuldades de desenvolvimento derivadas da nossa geografia e do atraso social e económico de que sofríamos quando iniciámos em Portugal a nossa caminhada democrática, que nos trouxe autonomia para conduzirmos a nossa vida.
O contexto em que nos movemos e os objetivos que temos determinam em cada momento as nossas prioridades.
Certo é, porém, que sempre baseámos muito o nosso discurso no tema das ajudas externas ao nosso desenvolvimento e a ele dedicámos muito do nosso tempo.
Como e em que proporção vai o estado transferir verbas para a Região?
Como manter um certo nível de compromisso com os EUA, que, num primeiro momento, garantisse ajuda financeira, e na atualidade, não fizesse falhar um dado nível de emprego e atividade económica?
Como garantir suporte da UE para o que temos de fazer?
Encontrar respostas para estas perguntas é vital.
Contudo, de um certo ponto de vista, temos baseado o nosso discurso nas nossas fraquezas para assegurar o financiamento de que necessitamos.
É minha convicção que devemos redirecionar o modo como usamos o nosso tempo, procurando colocar os nossos pontos fortes a render. Isso obriga-nos a olhar para a parte cheia da garrafa e a concentrarmo-nos nela!
O que poderemos ganhar e dar ao mundo com ela?
O que fazer para que ela gere riqueza?
É indispensável sermos mais autónomos, o que significa sermos capazes de agir sozinhos, sem apoios de terceiros ou do Estado.

Nota: Este artigo foi publicado na edição de 21 de novembro de 2012 do Açoriano Oriental.

abril 23, 2017

Pense o que quiser!

Vivemos um tempo onde é fácil expressarmos as nossas opiniões, o que tem a vantagem de dinamizar um debate que só enriquece e fortalece a nossa sociedade.
Infelizmente, contudo, a ânsia de partilharmos as nossas ideias tem prejudicado a nossa capacidade de escutar. Há muita gente a falar e cada vez menos pessoas a ouvir!
Hoje limito-me a registar um conjunto de informações que fui lendo nas últimas semanas, com a única pretensão de que cada um as escute e sobre elas pense.
Em 2014 começaremos a fazer grandes amortizações de empréstimos que fomos pedindo. Serão €14 mil milhões, nesse ano, €15 mil milhões em 2015 e em 2016 mais de €20 mil milhões!
O Orçamento de Estado para 2013 prevê que os metros de Lisboa e do Porto em conjunto gastem €1173 milhões, que é quase tanto como cada uma das ARS do Norte (€1326) e ARS Lisboa e Vale do Tejo (€1426) gastam.
Os juros da dívida pública que teremos de pagar em 2013 são €7801milhões.
O Ministério da Saúde concretizou uma reorganização dos espaços que utilizava, o que permitiu uma poupança de €1,8 milhões. O SNS custará em 2013, pessoal incluído, €7801 milhões.
Em 1960, 40% dos habitantes de Portugal tinha menos de 25 anos, hoje são só 20%. Nesse ano as pessoas com mais de 65 anos representavam 8% da população, hoje representam 20%. Este ano já emigraram 65000 jovens.
Entrava-se no mercado trabalho, em 1960, aos 17 anos. Trabalhava-se em média 41anos e vivia-se 2 como reformado. Em 2000, começava-se a trabalhar aos 21 anos, trabalhava-se 36 e vivia-se uma reforma de 15 anos.
Nos últimos 5 meses o índice de confiança dos empresários alemães decresceu e está agora no seu nível mais baixo desde Março de 2010.
A reestruturação da dívida portuguesa é uma inevitabilidade, mas só poderá concretizar-se quando for possível uma mutualização da dívida a nível europeu, que só tem condições para ocorrer depois das eleições do próximo ano na Alemanha.

Nota: Este artigo foi publicado na edição de 14 de novembro de 2012 do Açoriano Oriental.

fevereiro 26, 2017

Paz, Pão, Povo e Liberdade*

Inovar é fazer diferente. É buscar o desconhecido. É ousar!
Inovação é o traço que deve ligar as peças da nossa vida, dando-lhe um sentido positivo e fazendo dela um ato criador do futuro feliz que ambicionamos para nós.
Inovar requer o reconhecimento da nossa condição e uma avaliação honesta das opções que fizemos.
Temos alternado o foco da nossa atenção entre a esperança num líder que vença por nós as próximas eleições e a análise, sempre triste, das razões de uma derrota eleitoral.
Olhemos com frieza a nossa vida nos últimos anos.
O que fizemos após cada uma das eleições que perdemos?
O que fizemos depois de um desaire foi mesmo diferente do que fizemos depois do desgosto anterior?
Estas são questões de cujas respostas não podemos fugir!
Inovar é mudarmos de atitude perante o fracasso!
Inovar é olharmos o amanhã de outra forma!
Olhemos o futuro por cima das próximas eleições.
Não olhemos o poder. Olhemos o serviço!
Olhemos as pessoas!
Inovar é concentrarmo-nos no essencial!
Inovar é saber esperar o tempo de uma caminhada!
Não é possível fazer tudo nem se pode esperar o paraíso já para amanhã.
Escolhamos as nossas prioridades.
Fixemo-nos nelas, no horizonte distante e perseveremos!
Inovar é ter ambição! É querer melhor!
Inovar é partir numa viagem interminável à procura do que nos valorize como pessoas!
É absolutamente necessário que o nosso sistema educativo estimule a criatividade, favoreça a participação social e cultive a exigência.
Todos nos temos de mobilizar para este objetivo, que é vital, tendo presente que o verdadeiro interesse da escola é o interesse do aluno!
Inovar é tomar nas nossas mãos o que é nosso!
A Universidade dos Açores nasceu com a Autonomia! Talvez mesmo por causa da Autonomia!
Se é uma universidade, é do mundo!
Mas se é dos Açores, é aos Açores que deve servir!
A Região Autónoma dos Açores deve voltar a assumir um papel preponderante na orientação da Universidade dos Açores e ser líder na garantia dos financiamentos que possibilitem um largo crescimento da sua componente de investigação.
Uma universidade é, por definição, uma instituição aberta, com a qual todos os setores da sociedade que a envolve, mas sobretudo os empresários e empreendedores, devem cooperar, numa relação de cuja fecundidade depende, em elevado grau, a nossa capacidade para inovar.
Inovar é atirarmo-nos à água!
Já estamos há demasiado tempo na posição do banhista na ponta da prancha que hesita por causa da temperatura da água, que receia as águas vivas e não se decide por causa do risco de ser devorado pelos tubarões!
Sobre o nosso mar, que é o fiel depositário de recursos com os quais contamos para o nosso progresso, já sabemos o suficiente para agir!
Busquemos quem nos pode ajudar e façamos as parcerias que permitam aplicar na Região a parte substancial dos proveitos da exploração do mar que nos faz grandes e respeitem o seu equilíbrio.
No quadro da aposta na exploração do mar, que é um contributo grande para a sua defesa, uma vez que o ocupa e constitui interesses, tem de ser reformado o setor da pesca.
O mar exerce uma tão grande influência no nosso carater enquanto povo e promete tanto para o nosso futuro que não podemos prescindir de ter a palavra decisiva e determinante sobre a sua exploração e o seu uso!
Inovar é rodarmos a outra face do disco!
O equilíbrio da nossa economia não prescinde de uma lavoura forte e saudável, cujo principal desafio é incorporar valor na sua produção. 
Não obstante o conjunto de fatores que justificam a permanência de um certo nível de subsidiação, a sustentabilidade deste sector e, sobretudo a concretização de um patamar de rendimento compatível com esforço de quem nele trabalha, só serão possíveis pela incorporação de mais valor.
Inovar é redescobrirmos a nossa essência!
A autonomia é o espaço da nossa participação democrática e a garantia da nossa liberdade.
Foi ela que construiu a unidade dos Açores, aproximando um povo disperso por ilhas, envolvendo-o na afirmação do seu carater e tornando-o ator do seu destino.
A autonomia existe porque somos uma Região!
Uma Região que não é uma federação de ilhas.
Mas ilhas, que sendo uma região, precisam de oportunidades e espaço para as suas diferenças.
Se a agreste realidade do tempo presente e os fundados receios sobre o futuro fazem sobressair egoísmos e individualismos é bom termos presente que é a união que faz a força de que precisamos para vencer as adversidades que nos ameaçam.
A autonomia só se consolida desenvolvendo-se, virada para fora, com o sentido de se tornar um pequeno estado e não uma grande autarquia.
Inovar é continuarmos a luta!
A autonomia que temos não é resultado de dádivas centralistas. É fruto de conquista!
É tão valioso o aprofundamento da autonomia política dos Açores, quanto é valiosa a sua crescente democratização regional. É na legitimidade democrática dos seus órgãos de governo próprio, com reforçada participação democrática dos cidadãos, que a credibilidade da autonomia política dos Açores se consolida.
A eleição de um órgão de governo próprio, de característica unipessoal, representante do Povo e da Região, assegura a democratização do sistema, com equilíbrio entre três órgãos de governo próprio - Presidente da Região Autónoma, Assembleia Legislativa e Governo - e ainda assegura o fim de uma tutela específica sobre a Autonomia Política dos Açores, com a extinção do cargo de Representante da República.
Inovar é relacionarmo-nos com o mundo!
Não é indiferente sermos a periferia da Europa ou estarmos no meio do Atlântico.
Ser a periferia da Europa sublinha as nossas fraquezas, mas rende umas ajudas das quais o nosso desenvolvimento não pode abdicar.
Estar no meio do Atlântico destaca as nossas forças e pode gerar o retorno de que necessitamos para aceder ao padrão de vida a que temos direito.
Ficando na periferia da Europa devemos caminhar para o meio do Atlântico!
O desenvolvimento dos Açores não é possível no mundo global de hoje, pelo menos nos termos em que o ambicionamos, sem termos capacidade para definir e executar uma política de relações externas, que nos permita um relacionamento adulto com outras regiões e estados na defesa das nossas comunidades, na busca da cooperação de que necessitamos para alavancar o nosso desenvolvimento e na procura de mercados que valorizem os nossos produtos.
Inovar é mexermo-nos!
Não nos podemos colocar na posição de partido de águas mornas, que passam sem deixar marca.
As pessoas esperam de nós uma alternativa que cative e uma palavra positiva que mobilize.
Temos de ser um partido otimista, convicto de que é possível tornar real o sonho que nos dá esperança!
Sim! É preciso voltar a sonhar!
Temos a responsabilidade de defender os nossos valores, mostrando a sua justeza e a sua superioridade em relação a valores alternativos.
Acreditar não chega, mas não é desconfiando que concretizaremos os nossos objetivos.
Estamos num partido de gente livre, onde não há entraves à participação. Temos momentos de discussão e até de confronto para construirmos posições comuns, mas há tempos em que temos de ser todos.
Ouvir os outros, num esforço de inclusão e de enriquecimento do nosso discurso e das nossas decisões é um estímulo ao pensamento porque dá oportunidade à diferença.
Mas ouvir é um exercício que exige também que cada um de nós perceba que a preferência por opinião diferente da nossa ou a segunda fila não são sinais de exclusão.
Inovar é assumirmos o que somos e não sermos o que pensamos que vão gostar ou o que querem que sejamos!
Inovar é sermos genuínos!
Nós somos um partido político!
O que nos diferencia dos outros partidos não são questões de estilo ou de qualidade da gestão dos negócios do Estado.
O que nos distingue não é a dose do que pensamos ser necessário fazer.
São as políticas que nos diferenciam!
Não nos afirmaremos pelo populismo, mas sim pela credibilidade.
Somos um partido do centro!
Não podemos falar baixo sobre a nossa opção pela centralidade do papel dos cidadãos na dinamização das sociedades. Temos, pelo contrário, de afirmar que cabe a eles a liderança dos processos de desenvolvimento das suas comunidades.
Não devemos disfarçar a nossa visão sobre o papel insubstituível e indelegável do Estado nas sociedades modernas. Ao Estado cabem especiais responsabilidades nos domínios da educação, saúde, justiça social e igualdade de oportunidades, que justificam a abstenção de ação em outras áreas, que devem ser deixadas à iniciativa dos cidadãos.
O governo não é o Estado, um partido não é o governo e muito menos o Estado.
Ao governo cabe dirigir o Estado no respeito pelas opções populares democraticamente expressas, estimulando a participação livre e criadora dos cidadãos.
Ao Estado cabe garantir o desenvolvimento e o equilíbrio social necessários à vida dos cidadãos em condições de dignidade humana.
Aos partidos cabe organizar e estruturar o debate e as ideias políticas que possibilitem uma opção consciente da sociedade sobre o seu futuro.
Inovar é olhar as pessoas!
A política está para servir a comunidade.
As pessoas e a sua felicidade são o fim da nossa ação, razão pela qual não nos podemos resignar perante a força dos poderosos ou amolecer no conforto das ondas que passam e fazem a moda.
Há valores que não podemos esquecer nunca:
A solidariedade, que é o cimento de uma sociedade justa e
A liberdade, que é condição da dignidade dos homens.
O PSD é um partido de gente desassossegada e inquieta, que procura transformar a sociedade, reformando-a, com o sentido de ninguém ficar para trás!
A força das nossas convicções determina a alegria com que nos devemos apresentar perante essa tarefa e a audácia das propostas que nos cabe apresentar aos nossos concidadãos.
Paz, Pão, Povo e Liberdade!
É esta a alma do nosso PPD/PSD!
Paz que sente quem tem valores, vive com eles e luta por eles!
Pão que dá corpo à solidariedade que nos junta!
Povo porque somos iguais! Porque somos um! Porque somos o fim!
Liberdade porque somos homens e mulheres!
Paz, Pão, Povo e Liberdade porque temos o direito de ser felizes aqui, na nossa terra!

(*) – Texto do discurso de apresentação da moção setorial com este título, que submeti ao XXII Congresso Regional do PSD Açores, realizado a 20, 21 e 22 de janeiro de 2017 na Ribeira Grande.

maio 29, 2016

A propósito dos apoios da União Europeia: primeiro a política, depois os fundos!

Um fundo europeu é, em muitas circunstâncias, a solução que emerge em primeiro lugar sempre que temos de enfrentar um dos múltiplos e muito diversos problemas que se vão colocando no nosso caminho.
Vivemos intensamente a luta pela conquista de mais uns Euros que enriqueçam o conteúdo do envelope que iremos receber, que nem nos damos conta de que um fundo europeu também é uma forma de redistribuição da riqueza que produzimos na União. Redistribuição entre setores económicos e sociais, entre espaços geográficos e entre mais abastados e mais carentes.
Um fundo europeu é, igualmente, um sinal da política que se desenha para ser parte de uma caminhada de desenvolvimento que conduza a patamares de vida que facilitem a realização humana de todos os que vivem no espaço da União e lhe permita a ela, enquanto atriz global, contribuir para que seja possível transformarmos o mundo na terra prometida!
É bom, por isso, termos sempre presente que um fundo europeu não é uma “pipa de massa” que está aí para gastarmos. É instrumento da nossa felicidade, a sua utilização tem de servir um interesse coletivo e respeitar o fim da sua criação!
Os fundos europeus para as PME, aos quais se dedica o livro 8 da coleção “Europa Pela Nossa Terra”, visam promover o crescimento económico, que é essencial para se criar emprego e inclusão dos cidadãos.
O programa COSME pretende subsidiar o reforço da competitividade e da sustentabilidade das empresas, melhorando o acesso a financiamento e a mercados e ajudando à sua internacionalização.
A promoção do empreendedorismo, a elevação da cultura empresarial, a transformação do ambiente de negócios e a inclusão de mais mulheres, jovens e seniores na atividade empresarial, são as frentes do trabalho que há-de permitir concretizar o seu objetivo.
O HORIZONTE 2020 foca-se no incentivo à investigação e inovação, promovendo uma maior ligação entre quem investiga e quem poderá ser destinatário e utilizador do seu trabalho.
Excelência científica, liderança industrial e desafios societais são os seus três eixos de operacionalização, dos quais os últimos dois têm uma relevância especial para a atividade das empresas. É no quadro do eixo liderança industrial que se vai incentivar o aumento da competitividade da indústria da União e é ao abrigo do eixo desafios societais que se apoiarão projetos de investigação e inovadores em áreas como a saúde, bioeconomia, energia, transportes inteligentes, ambiente, segurança e inclusão, que são apenas alguns casos de uma bem extensa lista de setores.
INSTRUMENTO PME foi criado para apoiar projetos fortemente inovadores e com grande potencial de internacionalização.
Sublinho aqui as possibilidades de “coaching” e “mentoring” por serem instrumentos de natureza não financeira, que normalmente, e também infelizmente, não fazem parte da palamenta dos fundos europeus.
O LIFE 2014-2020 incentiva atividades de conservação ambiental e da natureza, procurando a passagem para uma economia que utilize eficientemente os recursos.
EUROPA CRIATIVA destina-se aos setores cultural e criativo e está apontado à salvaguarda da diversidade cultural e linguística, à promoção do património cultural e ao reforço da competitividade destes setores.
Com o PROGRAMA PARA O EMPREGO E A INOVAÇÃO SOCIAL intenta-se a colocação e estabilização do emprego de qualidade num nível elevado, garantir uma proteção social condigna, combater a exclusão social e a pobreza bem como melhorar as condições de trabalho.
Destaco neste caso a ferramenta que promove a mobilidade laboral, aproximando os cidadãos que procuram emprego ou novas oportunidades de trabalho e os empregadores com necessidades de recrutamento de pessoas com qualificações e competências específicas.
O FUNDO EUROPEU PARA INVESTIMENTOS ESTRATÉGICOS, que recebeu a alcunha de PLANO JUNKER, prossegue o grande objetivo de levantar o nível de investimento na União, que é indispensável para aumentar o ritmo de crescimento económico, fortalecer a capacidade competitiva da União Europeia e, assim, criar emprego e ganhar a possibilidade de o sustentar num nível alto.
O PLANO JUNKER apoia projetos de investigação, e inovação; nas áreas de energia, infraestruturas de transporte, tecnologias de comunicação e informação, ambiente, eficiência de recursos, capital humano, cultura e saúde; bem como de PMEs e empresas com menos de 3000 trabalhadores.
As plataformas de investimento são uma oportunidade que o PLANO JUNKER cria para a utilização conjugada de fundos de diversas políticas da União.
No quadro deste FUNDO EUROPEU PARA INVESTIMENTOS ESTRATÉGICOS funcionará uma plataforma de aconselhamento, que prestará, gratuitamente em alguns casos, serviços de aconselhamento relacionados com os seus objetivos.
Dada uma vista de olhos sobre o cardápio dos fundos europeus que a União Europeia e o BEI colocam diretamente à disposição dos cidadãos e empresas, acresce registar que o acordo de parceria assinado entre o Estado Português e a União Europeia prossegue o objetivo de reforçar a competitividade das PME, na procura de obter o crescimento do espírito empresarial, o reforço da capacidade exportadora das PME, a qualificação das estratégias de negócio das pequenas e médias empresas e o aumento das suas produtividade e eficiência.
Registado o que, para mim, interessa: os objetivos de cada programa e o que no seu âmbito pode a nossa imaginação pensar fazer, bem como a chamada de atenção para um ou outro instrumento não financeiro dos fundos, devo confessar que foi propositado o facto de nada ter falado do arsenal financeiro dos fundos europeus recenseados.
Fi-lo por entender que é vital refletirmos sobre o nosso desenvolvimento analisando apenas o que pensamos ser importante para nós, sem a pressão do tamanho do cheque, e em que medida isso se casa ou se pode aproveitar das opções de desenvolvimento da União.
Apesar de podermos, embora em pequena escala, influenciar a definição das políticas e assim dos orçamentos da União, no fim do dia, neste particular dos fundos europeus, temos a possibilidade de escolher não os utilizarmos, porque eles não servem os nossos propósitos, ou não os utilizarmos na sua máxima disponibilidade, por causa das nossas prioridades domésticas ou por falta de fôlego.
Estão por demonstrar as vantagens para Portugal e para os Açores da utilização de fundos europeus, que nos empurrou para contração de empréstimos que contribuíram muito significativamente para o endividamento que hoje nos asfixia!
Comecei dando nota de que era importante considerarmos que a criação de fundos europeus é fruto de uma política e agora é oportuno acrescentar que a sua utilização também tem de ser resultado de uma política definida por nós.
A nossa soberania, se pensarmos como portugueses, e a nossa autonomia, se pensarmos também como açorianos, obriga-nos a isso!
É mau. É mesmo muito mau que a gestão dos fundos europeus seja determinada pela ideia de que o importante é gastar tudo!
Dito isto, mas sem me referir a números, devo, pelo menos, anotar que estes fundos europeus fazem uso, embora diferente de caso para caso, de instrumentos que visam facilitar, nomeadamente através de garantias, o financiamento das empresas na forma de capitalização ou dívida e sublinhar o facto, muito importante, de se passar de um modelo de ajudas para um modelo de financiamento.
A possibilidade que tive de conhecer muitos outros países e de poder trabalhar com diversas pessoas deles originárias foram as experiências que mais contribuíram, naturalmente depois da formação escolar e universitária, para a minha valorização profissional.
A abertura ao mundo, com o sentido de o podermos fazer aqui, mas também com a vontade de lhe conquistar uma parte, é um requisito indispensável do nosso desenvolvimento.
Esta experiência e esta convicção fizeram-me destacar para este momento a referência ao ERASMUS JOVENS EMPREENDEDORES que se constituiu para incentivar os criadores de negócios e aqueles que pretendem lançar novas empresas a conhecerem outras realidades.
Este programa destina-se aos empreendedores novos e experientes e oferece-lhes a possibilidade de adquirirem conhecimento e experiência na gestão de negócios junto de empresários maduros em outro Estado Membro da União.
Estes fundos europeus, vistos como sinais de uma política, revelam uma firme determinação da União em promover a capacidade competitiva e a internacionalização das suas empresas e um propósito seguro de incrementar a investigação e a inovação.
Aqui está grande parte e parcela importante do que necessitamos, nos Açores, para nos desenvolvermos:
·         Assumirmo-nos como cidadãos do mundo;
·         Trabalharmos para ganhar capacidade competitiva;
·         Apostarmos na investigação,
·         Sermos inovadores.
Ainda em tempo partilho convosco a minha satisfação pelo facto de ter conseguido alinhar estas ideias sem necessidade de abusar de “economês”, sem necessidade de mencionar uma cifra, sem apresentar um gráfico e sem utilizar uma folha Excel.
Mas sou economista!
Um economista que ainda se lembra que o objeto da ciência económica é a procura do resultado máximo da escassez e não a repartição racional da abundância.
O que conta, assim, somos nós!
O que vale são as pessoas!
É por isso que um economista se preocupa com as pessoas. Com as pessoas menos abastadas. Com as pessoas sem emprego. Com pessoas que não conseguem encontrar o caminho da realização humana.
Mas um economista também se preocupa, e muito, com as pessoas que tendo tudo isso não têm atitude, não têm ambição, não ousam a diferença, não buscam a alternativa.
São pessoas que se acomodam a um fundo!
Amanhã estaremos a festejar a nossa capacidade para criar riqueza a partir dos recursos que temos disponíveis, mesmo que poucos, ou a desculpar com o pouco que temos a nossa incapacidade para desenvolver a sociedade que somos!
Na verdade, o que temos não é assim tão pouco.
          Estaremos nós, as pessoas, à altura do desafio?



NOTA: Intervenção feita, a 19 de maio de 2016, na sessão de apresentação em Ponta Delgada da coleção de livros "Europa - Pela Nossa Terra" da autoria do Eng. José Manuel Fernandes, Deputado ao Parlamento Europeu.