maio 28, 2013

Precisamos de tempo

Aprendi há uns anos que o único recurso em relação ao qual não há ricos nem pobres é o tempo.

Todos nós temos vinte e quatro horas por dia e ninguém consegue ter mais do que isso.

A ambição de retirar desse recurso o maior rendimento possível foi, entre outros factores, causa para carregarmos no acelerador, fazendo o mundo funcionar hoje a uma velocidade alucinante.

Vivemos, em toda a parte, a um ritmo vivo, que requer de nós uma preparação cada vez mais complexa e exigente.

A vontade de fazer mais, de cumprir os objectivos e de chegar antes dos concorrentesimpôs que nos fôssemos aperfeiçoando na arte da gestão do tempo, o que ajudou a desenvolver, em todos os domínios, um conjunto de ferramentas e de técnicas que permitiram aumentar a rapidez de execução das tarefas e a redução dos tempos de espera.

Hoje fazemos uso de uma série de tecnologias e agimos num quadro de conhecimento que tornaram instantâneas, ou quase, muitas das coisas que fazemos, o que desembocou numa gestão do equilíbrio entre o curto prazo e o longo prazo muito mais difícil, dado o nosso crescente interesse pelo imediato.

Tudo isto: a velocidade, a ambição, a competição, o instantâneo e o imediato; no faz perder a noção de que para produzir resultados, pelo menos os que desejamos, é preciso tempo.

maio 16, 2013

Turismo?

Theodore Levitt assinou, em 1960 um artigo que foi publicado na Harvard Business Review intitulado “Marketing Myopia”, no qual explicava que as empresas operar em sectores de rápida expansão acabavam sempre por se concentrar exclusivamente no produto, não se preocupando com os clientes, que deveriam ser a sua principal preocupação.

Num tempo como o de agora em que a mudança é a constante, tornou-se vital observarmos esse princípio, uma vez que é a sua concretização que possibilita a contínua adaptação ao mercado de que as empresas carecem para assegurarem a sua sobrevivência no longo prazo.

Há uns dois anos, ao longo da leitura do livro “Setting the Table”, de Danny Meyer, proprietário, entre outros, dos conhecidos restaurantes de New York “Union Square Café” e “Eleven Madison Park”, verifiquei que, contra o que era o meu pensamento, Denny Meyer era empresário na área da hospitalidade e não do sector da restauração.

No decurso de uma estadia no Faial, regressei ao Peter Café Sport, onde, desta vez, tive uns minutos para dar atenção a um painel no qual estão inscritos testemunhos de passantes e viajantes.

Li-o com atenção, lembrando-me de Danny Meyer, porque hospitalidade é o espírito e a atitude que ligam tudo o que nesse quadro está escrito.

Ao terminar a leitura ocorreu-me fazer a seguinte pergunta:

Afinal qual é o nosso negócio?


maio 08, 2013

Perguntas

Há uns anos ouvi a um conferencista que de um gestor não se devem esperar as respostas certas, mas, antes, as perguntas correctas.

Na verdade todos nós procuramos afirmar as nossas respostas, que tentamos defender com vigor, em muitas circunstâncias para as fazer prevalecer sobre as dos outros.

Avisei, logo à minha chegada, que as crónicas por mim assinadas seriam, mesmo quando afirmativas, exercícios de desafio à reflexão individual, que é pressuposto de uma participação frutuosa na sociedade.

Devemos ser, todos, cidadãos inquietos na busca das respostas às interrogações que, incessantemente, a realidade pela qual estamos cercados nos vai colocando, mas também atentos às perguntas dos nossos concidadãos, que o enriquecimento da sociedade requer que abordemos de espírito aberto.

Não sei se “small is beautiful”, mas se somos pequenos, como somos, por que motivo haveremos de querer ser grandes?

Por que razão o nosso objectivo há-de ser, sempre, crescer?

Poderá ser assim eternamente?

Teremos, em Portugal, recursos, que, mesmo bem geridos, suportem uma trajectória de crescimento permanente?

E nos Açores?

É certo que a escala produz economias e, assim, vantagens na competição com outros países e diferentes regiões, mas possuiremos dimensão para ter a escala necessária para dela tirarmos alguma vantagem competitiva?

A nossa pequenez será a nossa fraqueza, ou poderá ser a nossa força?