Lembro-me, em miúdo, de ir ao circo com o meu avô. Foi lá que vi, pela primeira vez, um coelho sair de uma cartola, que segundos antes estava vazia.
Foram momentos de êxtase!
Como seria possível fazer aparecer do nada um coelho?
Há uns dias visitei uma exposição organizada por um grupo de jornalistas, que está a braços com um processo de despedimento colectivo.
No meio das peças, cuja exposição procurava testemunhar factos relevantes da vida do jornal, aspectos curiosos da sua existência e do trabalho dos seus profissionais, encontrei um maço de folhas que fazia registo de uma operação financeira realizada há anos e que permitiu à empresa sua proprietária ter num determinado exercício um lucro anormalmente alto, obtido através da venda do título do jornal a outra empresa do mesmo grupo, formalmente constituída, mas sem existência física e actividade.
É claro que existe uma explicação técnica para a operação, que pode, até, ter tido em vista a concretização de um objectivo nobre.
A verdade, contudo, é que a operação em causa produziu a ilusão de que a vida corria bem.
E, de facto, assim foi até ao dia em se percebeu que só por ilusão nossa é que de uma cartola vazia se tiram coelhos!
NOTA: Este artigo foi publicado na edição de 7 de novembro de 2012 do Açoriano Oriental.
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