fevereiro 15, 2012

O preconceito

Nos últimos tempos tenho ouvido com frequência menções ao preconceito ideológico.
Acusa-se o governo, este e o anterior, de que faz certa coisa por preconceito ideológico. Critica-se o opositor porque defende a alternativa só por preconceito ideológico. Contradita-se quem connosco discute porque pensa o que diz apenas por preconceito ideológico.
Confesso que não entendo!
Uma ideologia é um conjunto de valores prévios que enformam e determinam o modo como vemos a sociedade de que fazemos parte e como nela nos inserimos.
Uma ideologia é uma referência de compreensão e um guia de acção.
Apreciamos, hoje, o pragmatismo, que nos encurtece a visão, porque parece assegurar, sem dor, a solução imediata para o que nos atormenta.
Ao contrário, a ideologia, que nos permite ver mais longe, obriga-nos a fazer opções, trazendo, por isso, desconforto.
O pragmatismo, quase sempre, tende a simplificar a realidade, que é sempre complexa.
O pragmatismo, muitas vezes, é a desculpa para irmos na onda, quando, frequentemente, deveríamos lutar para mudar-lhe o curso.
O pragmatismo é necessário, mas há, hoje, um desequilíbrio que necessita de ser corrigido.
A ideologia, e com ela os valores, precisa de ganhar peso e de ser assumida sem vergonha.
É imperioso temperarmos, em nova e diferente proporção, o guia da nossa vida.
Se o fizermos grande parte dos problemas que atravessamos serão resolvidos e não voltarão a atormentar-nos no futuro.

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