Há pouco mais de um ano João César das Neves publicou “As 10 questões da crise”, um livro onde faz um resumo histórico e explicativo das crises pelas quais Portugal já passou.
Em linguagem simples e directa, a obra regista uma série de interessantes questões que nos levam a compreender melhor o nosso país e a sua economia, bem como o conjunto dos factores que nos conduziram à aflitiva situação em que nos metemos.
Já na sua parte final o livro refere-se a dois importantes factos a propósito das duas anteriores intervenções do FMI em Portugal, que rapidamente produziram resultados.
Na primeira intervenção, em 1978, o Estado, que no quadro do acordo com o FMI, tinha um limite de crédito, obrigou as empresas públicas a endividarem-se para assumirem responsabilidades que deveriam ser suas, ludibriando, assim, o FMI.
Não fora o enorme contributo do sector privado para o ajustamento, que compensou o contributo negativo do Estado, e as coisas teriam corrido mal.
No início dos anos 80 voltámos a necessitar da ajuda do FMI.
Novamente os sacrifícios feitos pelo sector privado garantiram a concretização dos resultados, uma vez que, mais uma vez, o Estado não correspondeu ao que dele era exigido no entendimento com o FMI.
Estamos no momento de mais uma amarga experiência de intervenção do FMI em que se percebeu que o Estado está longe de ter aplicado a si a mesmo exigência que colocou ao sector privado.
Essa é uma das razões que leva os cidadãos ao protesto e constitui-se como o ponto que não poderemos falhar!
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